quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Love&Caring

Andando pelas ruas, paro e ouço, disfarçadamente, o relato de uma jovenzinha, de olhar distante, sobre sua mais nova paixão:

"Tenho sentido tanta saudade que me pergunto se esse amor não está me deixando doente ou meio afetada mentalmente.
Fico rindo toda boba, nas ruas, em frente às praças, pros cegos a quem ajudo atravessar as alamedas...
Me sinto mais leve e feliz e me pergunto se isso é real de tão surreal que é essa sensação.
Teu amor me consome de um jeito gostoso, leve e ocioso e me sinto levada por braços imperceptíveis até o teu caminho.
Como alguém já disse: 'que teu afeto me afetou isso já é fato'."

Ela ensaia uma declaração, as amigas aplaudem e me pergunto se esse sentimento tão comum, que é a paixão, torna-se incomum ao tratarmos daquela guria que parecia tão feliz e anuviada, com espasmos de alegria e olhares acentuados...?
Quisera eu saber o resto da história, mas não trato de um oráculo e a vida corre e não podemos deixa-la escorrer entre as mãos aguardando pela dos outros.
Cazuza já disse: o tempo não para. Tratemos, por favor, de prosseguir.
Então, eu prossigo minha caminhada e as garotas, às minhas costas, a rir, na maior gandaia.

Foolish

Ela é feliz.
Sim, ela é.
Veste a máscara da tristeza,
Rola na relva.
Grita.
Faz-se.
Joga-se com manha nos braços de outrem
E suspende o ar como quem jaz morto, ferido de bala.

Eu a olho.
A espanto.
A odeio.
E sinto pena.

Pena?
Pois sim.
Ela trata a vida como a uma novela,
Carecida de telespectadores
Seu teatro é insosso se a casa está vazia e despe-se da maquiagem grotesca de moça medieval sofredora.
Trata da morte como a um tema joliz,
Mas estremece perante ela, tão obscura e irreversível...

Liga embebida,
Putrefa em embriaguez lânguida,
Usa a voz embargada
E pede pouco
Pra ganhar muito...
Finge-se de tola
Para que sobressaia.

Quebra afetos,
Rompe relações
E sorri como jovem inocente,
Toda alegre
Jovial
E intocável.

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