domingo, 30 de junho de 2013

Pedantismo/ No Wow!!!



Esse desespero exacerbado
[Exagerado]
Extremamente desnecessário
Sem surpresas agora (No Wow!)

Não me veja como uma cópia
Eu não sou um xerox às avessas
(No Wow, No More)

Posso ser uma lembrança,
Posso ser um estrovo,
Uma carta estraçalhada
Um desvio de conduta incômodo

Posso ser o que você quiser
[Na sua mente]
Até mesmo um cadáver esbranquiçado

terça-feira, 11 de junho de 2013

"High Society"

É um homem.
Ele vende beiju e rapadura na esquina;
Vende cocada em frente às lojas;
Conta as moedas no ônibus e viaja de pé.

É uma criança.
Ela vende balas de goma na sinaleira;
Revira o lixo procurando iogurte e restos dum velho cachorro quente;
Vai pra escola com a sola do tênis arrebentada.
Não tem moedas pro ônibus.

É uma mulher.
Está grávida;
Distribui panfletos na rua de um consultório dentário,
Mas, ironicamente, mal tem dentes.
Põe mais um filho no mundo que não pode abrigar.
Anda a pé.

É um cachorro.
Sentia fome;
Rasgou o lixo
E comeu veneno.

São seres vivos.
Foram seres vivos.

Ignorados e escondidos pela sociedade,
Vivem nas margens,
Roendo os restos.
Os meus restos.
Os teus restos.
Os NOSSOS restos.

domingo, 9 de junho de 2013

Ridícula

Todo esse sentimentalismo barato tornou-se constante e irritante.
Obriguei-me a me retirar, aquele ambiente exalava drama amoroso; eu exalava drama amoroso.
Ridícula, eis uma boa palavra.
Dá-me embrulhos e ânsia de vômito e uma vontade louca de despirocar loucamente, sem sentido algum, apenas correndo, fugindo, andando, correndo, gritando... despirocando.
Eis a palavra: ridículO.

sábado, 8 de junho de 2013

Esperança Nacional

Caminhando hoje pelas ruas, a caminho de casa, me deparo com pessoas de todos os tipos, de todas as "tripos", de todas as estirpes, e todas elas tomam o mesmo rumo: a lotérica.
A lotérica? Como assim?
Sim, a lotérica.
Todas elas correm atrás de um mesmo sonho: acertar os 6 números do maior bingo nacional, ou seja, a tão aclamada - e sonhada - MEGA SENA.
O prêmio acumulado, o último dia... Façam suas apostas.
Comecei a me perguntar o por que de as pessoas perderem seu tempo e dinheiro apostando em algo tão fraudulento e, instantaneamente, percebi que era porque realizar esse ritual cabalístico em que elas precisam pressentir os números, realizar insanas equações apenas para - pensarem - que se aproximaram de algum resultado, lhes trará uma coisa em falta: ESPERANÇA.
Esperança? Por que esperança?
Calma, Tamires, responderei a sua pergunta.
Esperança, sim, pois essas pessoas agarram-se à ideia de que melhorarão suas vidas caso ganhem o prêmio. Em outras palavras, tais pessoas não possuem uma real expectativa de melhora e aquilo as alimenta, as satisfazem; a aposta é uma esperança nacional de que todas as vidas (não apenas a do Eike Batista ou do Bill Gates) podem dar um giro de 180° (sim, 180°, pois 360° significaria que elas retornaram ao ponto inicial, ou seja, a sua pobreza espiritual e a bancária).
De qualquer forma, pude enxergar hoje, de uma forma muito clara, o quanto estamos desprovidos do sentimento de satisfação com nossas próprias vidas, com nossas metas - que nem sempre são atingidas - com nosso corpo... enfim, com tudo.
Não acho correto abolir a Mega Sena, o Flamengo ou a Beija-Flor, pois tudo isso alimenta a alma pobre e sem perspectiva de um povo que perdeu a crença em si mesmo e no poder que possui.
E isso agrega, até mesmo, aqueles com alto nível de escolaridade, de forma que não podemos sustentar um argumento de que isso é particular das massas desfavorecidas e ignorantes. Afinal, todos nós precisamos fazer a nossa "fézinha", certo?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Cinzas

Eu nutria a falsa esperança de que as notas dele eram pra mim;
Que os poemas, as fotografias e as músicas eram pra mim;
Quanta ingenuidade da minha parte foi pensar que ele ainda pensava em mim...
Que as palavras eram um escudo atrás do qual ele se escondia...
Mal sabia eu que, na verdade, ele não escreve, descreve, fotografa por mim....
Cinzas é uma boa palavra pra nos definir e esse amor que definha... sustentado por lembranças surradas, empoeiradas...
Quanta ingenuidade foi da minha parte pensar que ele ainda pensava em mim...
Quanta ingenuidade da minha parte pensar que um dia ele pensará em mim.

domingo, 2 de junho de 2013

Corpos que mentem

Não sei o que esperava...
Por uma pura esperança boba e infantil,
Joguei minha dignidade fora.

Esperando por alguma coisa,
Qualquer coisa...
Não importa – me foi inalcançável.
Ainda é inalcançável.

Mãos que se afastam,
Lábios que não se tocam,
Pés que não se roçam...

Um abraço amigável é o “mais”,
Uma varinha de condão não consertaria

O que um coração desesperado pôs a jogar fora.

R$ 5,00

Eu cumpro todas as minhas obrigações, mas no final não há nenhuma recompensa, mesmo uma palavra qualquer, eu não tenho nada disso.
Eu tenho, apenas, a minha personalidade, algumas roupas e cinco reais no bolso.
Só preciso que você me pegue pela mão e diga que está tudo bem e que não vamos voltar para lá. Nunca mais.

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