Ontem, ao dar uma volta pelo
shopping, passei em frente à loja de brinquedos e, que incrível!, porque tive
uma sensação tão boa de nostalgia dos meus 6 ou 7 anos e das correrias entre os
corredores lotados de brinquedos...
Admito: essa foi uma época em
que tive grande fascínio por bichinhos de pelúcia. Queria consumir todos eles,
queria dispô-los nas prateleiras do meu quarto e apertá-los como se não houvesse
amanhã.
Enfim, há um momento em que
todos nós crescemos e, oh! Que infelicidade, nosso desejo por consumir também
cresce, mesmo que se modifique.
As garotinhas de ontem são as
fanáticas por bolsas e sapatos do agora e, aqueles menininhos fofos, são hoje
homens alucinados por carros e acessórios fúteis, como sonzão e rodas de liga.
Amadurecemos, na realidade, a
nossa futilidade perante as coisas que desejamos comprar; perante as coisas que
não precisamos, mas que, para nos sentirmos incluídos nessa sociedade
capitalista, findamos por obter, mesmo que para isso nos endividemos até os
olhos.
Não nego: eu também compro como
uma mulherzinha alucinada. Temos, todos, esse impulso por possuir algo de que não
necessitamos realmente e mesmo que neguemos, a mídia é como uma vitrine que nos
mostra roupas, sapatos e os mais diversos acessórios que aguçam esse sentimento
de necessidade de posse; um instinto quase que animal de sobrevivência nessa
sociedade claustrofóbica; presa numa bolha de vestes multicoloridas e palacetes
reluzentes, reunidos para nos tentar e nos arrastar até o fundo daquele salão
amarelo, azul, vermelho e verde. (Essas são as cores de nossas cédulas de dinheiro,
certo?).
Entretanto, essas cores são a
decoração das paredes de tais palacetes e não podemos arrancá-las; podemos
apenas observá-las e ambicioná-las.
E quando não nos aguentamos
mais de desejo, recorremos àquela instituição que nos libera as pequenas folhas
multicoloridas, mas eles pedem pelo retorno delas! E ai de você se não pagar em
dia! Caso contrário, as multas serão astronômicas e você não dará conta,
tornando seu débito uma bola de neve. Porém não aquela neve branquinha e macia
que você via, na sua infância, nas propagandas da Disney, quando cobiçava o
boneco de pelúcia do Pluto ou a Minnie vestida de cozinheira. Não, essa neve é
colorida e possui valor real. REAL! Que divertido, pois será assim que você
deverá eliminá-la: em reais.