sexta-feira, 28 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ensaio sob o espelho

Escreves tão bem - prendendo a respiração na espreita de um texto recém feito, com o papel ainda quente em função das tuas mãos acima dele. Respiração: normal, mas descompassada.


A poesia é traiçoeira, mas a prosa tornou-se minha amante, então uso essas linhas indelimitadas para a "expressão" - expressão por meio dessa junção de símbolos que formam as palavras.
Palavras que, quando manipuladas pelas minhas mãos, perdem o sentido; usadas para simular emoções... usadas para lhe mostrar, para sintetizar, as mais sortidas emoções inseridas em um único alguém: a minha pessoa. Pessoa que quando enxergo pelo reflexo do breu dos teus olhos parece irreal. Todavia, teu globo ocular a contradiz, mostrando que ela existe, e aposta uma crença inabalável em sua capacidade de atravessar essa película instável que é a imagem dela refletida.
Teus lábios descrevem em movimentos contínuos toda a confiança depositada num futuro modelável, flexível, como feito de borracha. "Admirável", ela diz. "Admirável", eu concordo. Ainda mais quando tuas certezas são coladas em meu ouvido; teus dizeres vem direto a eles e escorrem, como algo caramelizado, fazendo cócegas por onde passam e, finalmente, chegando na ponta dos meus dedos, prosseguem contaminando minhas folhas (e atraindo formigas).
O teu tato, gélido, passando - quase imperceptivelmente - acima do meu rosto vai incutindo nas minhas veias a doce configuração das tuas sínteses.
Tudo isso seria esplêndido se não fosse por um detalhe: o acaso quis que tudo isso apenas se tratasse da projeção de uma imagem no espelho, mas apenas uma única imagem; apenas um reflexo constituído por duas pessoas.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sem título

Ganhei uma nova companheira - já a tenho há tempos, mas agora sua presença faz-se constante - é ela "a vigília". Ou devo chamá-la de "Vigília", já que tornou-se uma sombra minha; uma segunda pessoa?
Ela me causa sensações diversas e contraditórias. Há momentos em que a desejo profundamente, mas nos demais instantes, quando conto com sua presença, ela dá-me a terrível sensação de telespectadora; telespectadora de minha própria vida. E quando a assisto, vejo todos os erros de gravação; os erros na fala; a falta de emoção que passo. Enfim, erros no geral.
Seria bom poder deletar ou então "editar"... isso mesmo, editar me parece ótimo. Afinal, é uma coisa que os diretores adoram fazer e o que somos nós a não ser diretores de nosso próprio filme, novela mexicana ou como quisermos chamar? Quem somos nós além dos gorvernadores de nossas vidas?
O que essa sensação de vigília nos causa? Em particular a quem está lendo isso aqui agora, o que sente? Ou não percebe quando está no "piloto automático"?
Já que estou aqui, vou lhes falar o que acho.
Presa num sorriso congelado, com os olhos vidrados, meneando a cabeça ora sim, ora não. Essa fuga da realidade (alternativa, admito) é independente. Possui vida própria e posso até dizer que se move, pois não consigo controlar - não conscientemente.
Lamento por aqueles que convivem com minha "letargia", pressentindo meu isolamento no "Oz" que é meu íntimo. Perco-me dentro de mim tão facilmente que meu corpo não passa de uma máquina com seus movimentos pré-condicionados. Quando volto a mim, já não sei de mais nada. Insegurança, risos, medo... tudo ao mesmo tempo para confundir e isolar.
O problema agora são esses burburinhos infernais que insistem em dar nós na minha cabeça; me azucrinando.
Espere! São sons externos ou minha cabeça psicótica os está sintetizando?

domingo, 23 de setembro de 2012

Distorção do espelho invertido

Essa realidade tão subjetiva, cheia de vícios... a minha pelo menos é assim.
Não posso dizer se gosto ou desgosto, porque... bem... na verdade ela me é bem insossa.
Os motivos disso? Não me pergunte, sou formada por mais de uma pessoa e quem me governa hoje sente-se assim.
Consequências de um esquizofrenia? Talvez. Nem eu sei. Talvez fosse bom eu me consultar com um profissional do ramo da "psicose". Afinal, meus olhos estão vendo demais e meus ouvidos, ah esses... eles me levam à beira da loucura a ponto de eu já não saber mais quando se trata do real e do imaginário. Nesse momento, por exemplo, ficaria muito satisfeita em ser obra da cabeça de alguém, sendo assim, em poucos segundos seria esquecida e talvez - num momento ruim, quem sabe - esse ser que me criou precisasse de mim de novo e assim suscetivamente numa cadeia sem fim. Como a cadeia alimentar. Sempre se renovando.
Alguém disse que a vida é uma viagem. Agora concordo. Ainda mais quando sei que estou aqui uma única vez e é somente essa oportunidade que tenho para ver e presenciar toda a beleza que aqui há.
Essa nossa mania de supervalorizar o que há de ruim... Tsc, eu mesma sou um protótipo do negativismo e isso é terrível. Deveria me ver e viver melhor. Talvez eu deva trocar de espelho ou quem sabe o colocar no seu devido lugar. Quem sabe?
 P.S.: Sei que o título não faz sentido, mas o texto também não faz, não é?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Copas às Espadas


Lado Negro do País das Maravilhas, 20 de setembro do ano vigente.


Amado Chapeleiro Maluco,
Primeiro gostaria de dizer-lhe que o invejo por uma série de fatores: por seres homem, pela sua inteligência, por escreveres bem, pelo teu foco e objetividade; por “pensares”.
Quando me olho no espelho e penso no nosso “contraste”, vejo que na maioria das vezes a maluca da história sou eu e não você. Afinal, é a minha pessoa quem faz tudo às avessas. Por exemplo, sou eu quem está te enlouquecendo aos poucos, mas sei que no fundo você aprecia essa quebra de rotina.
Posso dizer que me sinto – muitas vezes - um corpo à parte nessa colmeia gigantesca (ou sociedade, como preferir, meu doce). Também queria que a pele fosse como um vestido de gala que eu pudesse tirar e trocar a qualquer momento, pois talvez assim eu não enjoasse de mim mesma, nem tivesse essa necessidade de mudar de aparência (o que nem sempre o agrada, eu sei) constantemente. Na verdade, nem sei por que enjoo de mim mesma, mas acho que talvez seja o fato de achar que não me encaixo no que projeto pra mim mesma. Sabe, coisas de minha cabeça; repentinas e velozes. Gosto de conceber os pensamentos na imagem de beija-flores, que são velozes e gostam de sorver apenas o que há de doce, embora nem sempre os pensamentos tenham esse sabor; essa configuração.
Estou procurando refletir sobre o que eu sou, mas esse campo é muito flexível. Todavia, sei que não é inseguro, mas apenas “modelável”; e “modelável” por um tempo determinado, pois a cada momento que transcorre sinto que esse “chão” de goma de mascar torna-se um pouco mais sólido. O que você acha? Dê-me sua opinião.
Ah, quase que me esqueço de lhe comunicar: estou seguindo seus conselhos. Estou me contendo, pois você tinha e tem razão quando fala que não tenho autocontrole e “vomito” as palavras nas folhas. Sei que minha “pena” de escrever não se resguarda, mas o que posso fazer se ela deseja voar?
Mande notícias para essa pequena “Pseudo Alice”.
Um forte abraço e um beijo intenso.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Decantação de Huxley

O ser humano é estranho... e cego. Enxerga apenas as opções que são mais confortáveis e tendem (sempre) a escolher por elas. A rotina, a monotonia são sempre mais fáceis de se lidar, pois o "novo" é sempre encarado como desconcertante; incômodo.
Não que isso explique o que realmente me pesa. Não, não é isso. Eu mesma não tenho certeza se quero sair da minha zona de conforto; não tenho certeza se quero ser diferente das demais peças "pré-fabricadas" que constituem nossa sociedade e são modeladas pelas opiniões e gostos daqueles que nos fazem, acompanham e corrigem. Sabem a desculpa que usam para nos controlarem? A forte alegação de serem nossos criadores.

Admirável Dilema Novo

Agora (ainda mais) vejo que não passamos de pecinhas de lego não mão de outras pessoas. Possuímos livre arbítrio? Não. Não por inteiro, ao menos. Concordemos que é sempre mais fácil deixar que alguém nos controle, que tome as decisões por nós mesmos.
Eu mesma deixo que "tomem as rédeas" por mim, mas o problema é que isso não tem dado muito certo ultimamente.
Talvez eu pertença demais à mim mesma; talvez eu não tenha saído conforme o esperado; talvez, por conta disso tudo, eu não consiga administrar a INDECISÃO; a tua indecisão; a nossa indecisão.
Para mim, é mais objetivo. Posso citar Cássia Eller inclusive:

E eu te chamo
E eu te peço: vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também

Parece-me tão claro, simples e objetivo! Sei que para ti nem tanto... Ó, como eu faço questão de possuir uma lanterna para te mostrar o que há no fim da linha do teu dilema.
Só que... ao chegarmos lá, o que nos aguardaria? Fracasso? Medo? Solidão? Raiva? Ou quem sabe uma fonte inesgotável dos mais diversos prazeres?
Bem, eu não sei e, infelizmente, não cabe a mim descobrir.
Para saber é necessário desbravar; para desbravar é preciso coragem; para possuir coragem é decisivo que tenhas vontade própria. E então? Tu tens vontade própria? Está pronto para, quem sabe, lidar com o fracasso e a decepção? Ou então deliciar-se com o sucesso e todo o bônus que vem junto dele?
Não posso decidir por alguém; não vou controlar ninguém como eu sou controlada.
Afinal, até hoje eu tento me livrar das linhas que prendem-se a mim como linhas de uma BONECA DE VENTRÍLOQUO.
Só me resta saber sobre os teus barbantes: será, tu, capaz de queimá-los; cortá-los?

 
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ao "Homem Moderno"

Por que quando tudo vai bem, quando finalmente a "pseudo harmonia" é encontrada, algo de abrupto acontece e, como um furacão, tudo fica arrasado? Por que essa estabilidade emocional é tão pouco duradoura? Por que há essa destinação para a amargura, para a raiva, para a melancolia? Por que viver remoendo e revivendo aquilo que foi bom, se nessa hora é como se uma estaca atravessasse o peito? Por que viver com essa agonia que é sentir as vias respiratórias sendo "apertadas", causando a sensação de sufoco? Para que fim serve ver quem ou o que não é querido?
Levando para o lado pessoal... Quem sou eu? O que estou fazendo agora, nesse instante? Agora, eu não sei, mas se há algo que posso afirmar é o fato de sentir uma angústia (fisicamente, um "bolo" na garganta).
 A origem dela? Pergunte ao "Homem Moderno" que "ceifa corações". 
Meu "coração" não foi ceifado, mas por pouco e só porque meu apego é demorado.
Não sou um verme suplicante por "ar". Não, não sou isso, ó "Homem Moderno". Eu mesma serei responsável pelo meu "ar"; pelos meus arrependimentos e não precisarei culpar ninguém por isso. Afinal, é um direito inalienável de cada um estragar a própria vida.
E caso se pergunte, "Homem Moderno", não, eu não derramei "lágrimas" ao escrever, pois quando são derramadas lágrimas (por mim), elas simbolizam um único sentimento por vez. No entanto, dessa vez, meu corpo "transbordou" os mais diversos sentimentos reprimidos aqui no meu peito. E não, "Homem Moderno", nem todos eles foram causados por ti. Só meu causaste três; os mais violentos, é claro.

Tenha um bom dia, "Homem Moderno", pois eu agora procurarei pelo meu.



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