segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Vai-te? Foste!

Guardei, chorei e não recebi
Do teu amor, cujo coração guardado
Foi sangrado e padeceu
Tuas palavras eu ouvi,
Tuas lágrimas segurei,
Para ganhar
    -Ganhar o quê?!
O dissabor da tua ingratidão
Refletida na tua sombra ocular!
Desfaz teus mistérios e a névoa que te cerca,
Fria e calculista,
A amargar minha vida
E a interceder minha brisa!
Enegrece minha vista...
   - Findaste por ter-me em fuligem...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não, não tenho nada a dizer

Não sei mais o que escrever,
Não tenho mais o que dizer...
Me restam linhas duras;
Linhas rígidas;
Frias.
Calculistas.

Podia escrever sobre a saudade,
Podia falar a verdade,
De novo?
É claro!
Mas você passa a me odiar,
A me repudiar
E quando vejo,
Vejo duas saídas:
Ou eu lhe peço desculpas ou lhe fujo entre as mãos.

Fugi entre tuas mãos e nada,
Tu ou eu,
Fizemos para mudar.

Razão do meu ódio, tornou-se esse mágoa,
Essa ruptura.

Faltou-me palavras e não lhe peço desculpas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Breu dos teus olhos

Vejo tristes olhos negros.
Ó, belos olhos negros,
Olhos de Corcel,
Olhos tristes de perro indócil,
Tristes são aqueles pequenos olhos.

Breu total!

Compartilha a tua incerteza...
Não és tua?
Então por que revelas  tristes olhos negros,
Olhos negros tristes,
Negros tristes olhos?

Meu telescópio não alcança tua casa...
E não posso mirar tuas órbitas...
Do que me vale Saturno se não hei de ter teus belos negros tristes olhos?
Olhos de Corcel, olhos de perro indócil?

Tristes olhos negros, retirar-te-ei o breu da invernosa tristeza inverossímil.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Convergência

Acho que não preciso mais disso.
Na verdade, tenho certeza de que nunca precisei.
Cansei.
Cansei de tudo: das pessoas, das cores, do meu rosto, do meu corpo, dos móveis, dos automóveis e principalmente de quem me usa; de quem me enxerga como reflexo de outra pessoa; de quem procura em mim pontos coincidentes com os demais.
Odeio coincidências.
Não venha me dizer que somos "comuns" por termos pontos convergentes. Por termos os mesmos gostos;
Não venha me dizer que pesquisou nossos ascendentes e que somos "comuns" por causa disso;
Não venha me dizer que somos do mesmo signo;
Não venha me dizer que procurou pela hora e pela data do nosso nascimento;
Não venha me dizer que capturou, num dia, o mesmo brilho no olhar.
Nunca serei quem você quer.
Coincidências são medíocres e quem as procura é ainda mais.
Odeio coincidências.

domingo, 25 de novembro de 2012

A Singularidade da Tua (Minha?) Beleza

Aparência.
Do que importa ela se lhe falta caráter?
Do que importa se sou ou não agradável aos olhos?

Traz-me uma sensação incômoda essa certeza de que,
Se fui seleta, fora porque algum atributo físico lhe roubou o olhar;
A atenção.

A minha "beleza" está nos versos...
E nem neles mais o estão!
São eles, todos, tão brancos...
Vazios.
Tolos.
Supérfluos?

Insensato é eu tentar me adequar pra você.





sábado, 24 de novembro de 2012

Não pretendia; não queria

Equívoco! Paranoia! Insanidade...
Desculpe-me compartilha-lá contigo
E não releve minha insensatez,
Mas revela, à mim, tua fiel seguidora, se é obrigatoriedade;
Obrigatoriedade da tua parte ser meu consorte?
Livrar-me-ei de tal incômodo se esse vir a tornar-se o teu infortúnio
Porque, dos meus, cabo já procuro o dar.

São, essas, palavras tão bem medidas e procuradas;
Selecionadas por mim como um ourives a medir sua prata 
E a negociar seu ouro,
Mas que no fim perderam seu objetivo de dizer-lhe que...
?

Também não sei o que queria expor;
Também não sei o que queria enxergar;
Também não sei o que pretendia lhe impor;
Apenas sei que não pretendia te amar.

sábado, 17 de novembro de 2012

Loja de Brinquedos


Ontem, ao dar uma volta pelo shopping, passei em frente à loja de brinquedos e, que incrível!, porque tive uma sensação tão boa de nostalgia dos meus 6 ou 7 anos e das correrias entre os corredores lotados de brinquedos...
Admito: essa foi uma época em que tive grande fascínio por bichinhos de pelúcia. Queria consumir todos eles, queria dispô-los nas prateleiras do meu quarto e apertá-los como se não houvesse amanhã.
Enfim, há um momento em que todos nós crescemos e, oh! Que infelicidade, nosso desejo por consumir também cresce, mesmo que se modifique.
As garotinhas de ontem são as fanáticas por bolsas e sapatos do agora e, aqueles menininhos fofos, são hoje homens alucinados por carros e acessórios fúteis, como sonzão e rodas de liga.
Amadurecemos, na realidade, a nossa futilidade perante as coisas que desejamos comprar; perante as coisas que não precisamos, mas que, para nos sentirmos incluídos nessa sociedade capitalista, findamos por obter, mesmo que para isso nos endividemos até os olhos.
Não nego: eu também compro como uma mulherzinha alucinada. Temos, todos, esse impulso por possuir algo de que não necessitamos realmente e mesmo que neguemos, a mídia é como uma vitrine que nos mostra roupas, sapatos e os mais diversos acessórios que aguçam esse sentimento de necessidade de posse; um instinto quase que animal de sobrevivência nessa sociedade claustrofóbica; presa numa bolha de vestes multicoloridas e palacetes reluzentes, reunidos para nos tentar e nos arrastar até o fundo daquele salão amarelo, azul, vermelho e verde. (Essas são as cores de nossas cédulas de dinheiro, certo?).
Entretanto, essas cores são a decoração das paredes de tais palacetes e não podemos arrancá-las; podemos apenas observá-las e ambicioná-las.
E quando não nos aguentamos mais de desejo, recorremos àquela instituição que nos libera as pequenas folhas multicoloridas, mas eles pedem pelo retorno delas! E ai de você se não pagar em dia! Caso contrário, as multas serão astronômicas e você não dará conta, tornando seu débito uma bola de neve. Porém não aquela neve branquinha e macia que você via, na sua infância, nas propagandas da Disney, quando cobiçava o boneco de pelúcia do Pluto ou a Minnie vestida de cozinheira. Não, essa neve é colorida e possui valor real. REAL! Que divertido, pois será assim que você deverá eliminá-la: em reais.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ode a Cronos

Ó belo relógio!
Medidor do tempo;
Do tempo comedido (espalha-se ao relento)...
Tão curto! Metamorfoseia-se num necrológio!

Ó Cronos, Senhor do Tempo!
Reivindico à ti o primórdio;
Primórdio do Tejo, com velas ao vento
Navegando pelas águas - sem ódio! - e com o amável relógio!

Acordar-se: tique- taque, tique-taque...
Os seus ponteiros dourados a me apontarem
E mirar-se no espelho da hora passada: um assombro, um ataque!

Ponteiros, usados como lanças a me cravarem
Oh, não! É a velhice que me corrompe!
Oh, necrológio, ó Cronos, por que suas rugas a me cravejarem?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aflar

Houve um dia em que chorei pela liberdade;
Houve um dia em que chorei pelo teu amor
Ajoelhei-me diante de ti, esquecendo minha vaidade
E recebi tua insensatez; teu olhar ameaçador

Meus olhos vibravam ao te mirar
Minhas vontades em expansão!
E teus lábios a me tentar,
Aguçar!
-Aguçavam meus sentidos e, quando tocavam nos meus, adocicavam essa pobre alma

Das amoras dos teu beijos, restaram rancores
E das tuas dores, o veneno que insuflou e corroeu meu existir,
Contaminou meu ar,
Rasgando paredes e tecidos de sentimentos.
Ser. Ser você, é o que eu não quero mais (ser).

sábado, 27 de outubro de 2012

Aquela que é banhada por Apolo


Uma mulher com seus trinta e poucos anos. Sim, uma mulher jovem, alta, de cabelos negros e lisos, pele alva, lábios finos, magra, olhos verde-escuros e de beleza singular, está sentada num pequeno sofá, para duas pessoas, marrom-escuro e de braçadeiras largas, apresentando – aparentemente – almofadas fofas e bem estofadas. Enquanto isso, a mulher beberica pequenos goles do café preto que está contido numa xícara de “pseudo - porcelana” com vários protótipos de Papai Noel grafados.
Detalhe: todos os “Papais Noéis” estão abraçados e no desenho parecem entoar uma canção natalina. Seria uma canção destinada às pobres criancinhas que ficam sem Natal? Que mal possuem um carrinho de madeira para brincar? A comunhão simbólica entre Papais Noéis representaria isso, uma apologia? Bem, acho que não. Acho que quem projetou o gráfico da xícara apenas desejava um desenho bonitinho.
Retorno a me concentrar na mulher.
Deixou sua xícara sob uma mesinha de centro, feita de madeira e de coloração marrom-escura, que combina com o sofá. Ela ergue o rosto – rosto bonito apesar de alguns sinais de expressão apontarem que a idade já a cerca – e parece preocupada, aflita, incomodada com algo. Seria com a cor da cozinha nova? Não posso saber, apenas posso especular e o que se passa na cabeça dela não é relevante neste momento.
O olhar dela percorre toda a sala, observando rapidamente os vasos de flores ali presentes. Não sei que flores são, mas posso dizer que uma delas é vermelha e muito bela. Já a outro, creio eu, é chamada “Jiboia”.
A luz do sol incide, ainda, fracamente acima das plantas e não apenas acima delas, mas também delineia o rosto da mulher a qual agora parece uma boneca de porcelana triste, com seus grandes olhos verdes chorosos e sua boca curvada para baixo e mesmo com os últimos raios solares a atingirem seus cabelos, ela é uma imagem fria e mórbida; um quadro. Mostra a beleza fúnebre dela e a tristeza dentro de seu globo ocular, fazendo com que me recorde do “Mal do Século” ou “Romantismo”, o que dá no mesmo, com Álvares de Azevedo e seus pesares de menino.
Os olhos dela se erguem e notam que eu tomo diversas outras “notas” sobre ela. É tempo de acabar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fragmentação da chaleira imaginária e devaneios consecutivos

Já não tenho mais certeza do meu amanhã
                                              [nunca o tive
A chaleira, chia, ferve, entra em ebulição
Vai se transformando em microscópicas nuvenzinhas de gotículas de vapor d'água
Ouço o som delas lutando contra o cativeiro que a panelinha incute

Divago.

Penso que muitos de nós permanecem em cativeiros,
Ricocheteando nas paredes invisíveis do que nos aflige e escraviza.
Agoniza.
Quem vos fala não sou eu mesma, não pretendo fazer mais rodeios
E quem injetou em mim a droga alucinógena natural,
Agora prende minha mão contra seu peito
Aproxima o rosto e o encosta no meu seio,
Sussurrando palavras inaudíveis - invadem minha zona neural! -
                              - Talvez, meu bem...
Escravos...
Ebulição!
Chama!
Queima!
Explosão!
Gritos!

Não vou mais te ver...
Por enquanto...
                         - Eu te quero tanto...




domingo, 14 de outubro de 2012

Calcifica e depois adocica

Eu não sirvo pra poesia
A prosa é minha amiga
Então por que componho versos?
Pela beleza?
Nem sonoridade consegui colocar!
Ó tristeza!
Inspiração, invade-me e toma as rédeas
Injeta nesse cérebro - em curto circuito - um pouco do óleo;
O óleo da criatividade!
Aproveita e ensina-a a amar,
Para que este coração não seque nem finde pela falta de ar

Caranguejo

Lamento pelos meus modos.
Lamento não conseguir te mostrar o que há de bom.
Lamento lamentar tanto nos teus ouvidos.
Lamento minha ignorância sobre o amor.
Lamento meu egoísmo e minha falta de empatia.

Do meu melhor restam apenas gestos bruscos e palavras ácidas.
Lamento ser esse ser; ser eremita provida de casca e garras.

Para alguém como eu.

Nosso principal problema é cansar de tudo muito rápido; meu principal problema. Ficar se reinventando, não para agradar aos outros, mas para se sentir renovada, é um saco. Um mal necessário para quem sente que está faltando algo; para alguém que procura coisas novas; para alguém que cansa de si mesmo; para alguém como eu.

Ao Inferno

Dane-se que você não goste!
A sua opinião já não tem mais importância.
E aí se eu faço algo errôneo?
Mais vale a tentativa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Libido

Menos sobriedade!
E viva à libertinagem
Transformando o sexo em seriedade!
Rostos reluzentes
Em busca desse prazer entorpecente
Querendo fugir da prisão de seus corpos
Refugiando-se no tesão
E implorando pelo perdão do objeto,
Cujo coração latente
Desespera, bate e rui num abismo em expansão!
Sugai o mel do ventre cálido
E não reivindicai pelo tempo desperdiçado
Em prazer libidinoso

domingo, 7 de outubro de 2012

Eu (quase) te amo

Matar é inaceitável à civilização
E amar, indispensável
Mas o que fere mais?
Amar ou matar?
Amar é nadar em rios açucarados,
Saturados de ilusões!
Matar é dar nós aos cabos;
É findar com as decepções.
Então, por que me matas?
Mata-me com sorrisos afiados,
(Teu olhar me atravessa como uma faca)
E abraços apertados
Mata-me como aqueles que erguem a espada
Arrancando o coração
Da virgem intocada!
Mata-me de amor...
- Pelo menos, assim, eu sorrio.


sábado, 6 de outubro de 2012

Presente

Não declame seus problemas para mim!
O tempo aqui é muito curto para que se reclame!
Escrevo.
Escrevo versos livres desprovidos da beleza
E quem dera se eles tivessem a pureza do teu olhar!
Escreva.
Escreva nem que seja para mim!
À mim, tua eterna ouvinte
Que lhe afaga e adocica
E a quem tu apunhala
Num delírio fotoquímico!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ao Meu Estranho


Desgastado dessa vida - da mesma forma que o tempo e o vento corroem as rochas
Talvez lhe faltem realidades;
Duras e mórbidas

Os sorrisos - os teus sorrisos
São falsos e gélidos
Sombrios

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Menina do nanquim ou insana do divã?



Eu nunca consigo terminar nada do que começo, pois tudo se torna complicado a partir daqui. Nada se desenrola com a mesma facilidade que costumava antigamente e o vazio é o pior inimigo de nós, seres humanos. Afinal, é ele que nos corrói aos poucos, fazendo com que fiquemos remoendo coisas de um passado distante; coisas sem motivos para recordar; coisas que deveriam estar enterradas – muito bem enterradas, diga-se de passagem – ficam vindo à tona na minha mente e sem qualquer intervalo.
Descansar de mim mesma tornou-se uma tarefa árdua. Procuro uma solução para o que me deixa neurótica (ah, essa sociedade), mas quando penso... Qual é a solução que busco? Seria viver uma vida vazia? Livre de emoções intensas? Não tenho ideia e talvez seja por isso que estou aqui.
Bem na verdade começo a pensar que talvez seja necessário um manual para reaprender a viver.
Ninguém gosta que isso seja tão complicado, mas – depois de certo tempo – tudo se perde no infinito deserto das lembranças. E a areia não cobre os verdadeiros “tesouros”. Cave um pouco e você verá que deveria ter feito uma cova de sete palmos se o seu desejo era enterrar o lhe afligia.
 Eu me sentia desgastada e estava começando, literalmente, a enlouquecer com o que estava (está ainda) acontecendo.
Um grito mudo – sufocado – na minha garganta não me deixava respirar e eu, assim como todos os seres vivos, necessito de gás oxigênio no sangue. O problema é que eles não me deixavam respirar; não me deixavam pensar; não me deixavam agir. Enquanto eu planejava a minha fuga dessa jaula invisível, eles aperfeiçoavam suas técnicas de aprisionamento.
De fato, como tudo, começou em perfeito estado. Comigo não foi diferente, mas com a consciência e o tempo, degringolou. Não resisti às verdades e de certa forma me orgulho por isso; orgulho-me por não ser mais uma peça pré-fabricada. Toda a “verdade” que nos rodeia não é substancialmente verdadeira, nós é que enfeitamo-la um pouco, tornando-a aceitável para a maioria.
Sim. Mesmo quando queremos contar a verdade findamos por mentir, omitindo – ou transformando – aquilo que realmente traria diferença. E por quê?
Essa é uma pergunta que ainda não sou capaz de responder. Sejamos sinceros: somos todos egoístas e mentirosos. Eis aí algo que posso afirmar com toda certeza.
No entanto, está no juízo de cada um tornar-se ou não um bom mentiroso. Não podemos confiar nem em nós mesmos, pois mentimos para o nosso “eu” constantemente com a finalidade de amenizarmos situações desagradáveis.
 E essa técnica? Realmente funciona?
Estou tentando usá-la há tempos, mas nunca consegui resultados muito bons. Uma pena. Por que será que é tão mais fácil vivermos, e convivermos, na sombra da mentira?
Quando um de meus maiores desejos é de ir para o sol e deixar que todos os seus raios, toda sua luminosidade penetre a minha pele. Quero me sentir libertada de todos os males; quero poder chorar lendo um simples livro sem ser tachada de ridícula e quero sim tomar um banho de chuva quando sentir vontade.
Isso é incorreto?
Começo a pensar que sim. Essa maldita sociedade que tenta nos moldar à seu modo sem nos deixar o livre arbítrio.
Conceber essas verdades, mesmo que intima e secretamente, faz com que o nó comece finalmente a derreter de minha garganta, deslizando como elegantes bailarinas.
Eu sei, eu sei. Nada disso faz sentido, mas quem lhes disse que precisava haver nexo nisso tudo?
Trata-se de pensamentos soltos no papel e os “vocês” referem-se a mim mesma, aos meus próprios pensamentos.  Eu tenho ao menos o direito de me expressar?
Sim? Se sim, obrigada.
Respostas prontas ficam acumuladas como saliva dentro da nossa boca e o pior é que quanto mais tento me livrar delas, reformulando novas respostas, mais elas se apegam a mim. E não vai demorar muito para quererem controlar até mesmo quantas batidas o nosso coração estará “liberado” para dar a cada minuto ou quantas vezes poderemos expirar e inspirar por hora.
A questão é que ainda não compreendi o motivo pelo qual estou registrando esses pensamentos “vomitados” de forma caótica sobre o papel; “Menina do nanquim ou insana do divã?”, minha avó me indagou certa feita e eu não soube o que responder.
Deveria dizer meu nome? Caso eu resolva falar, digo o verdadeiro ou crio um pseudônimo? Criando um pseudônimo caio na minha teia, naquela hora em que afirmo querer fugir das sombras da mentira. Humpf! Está certo. Sou Alice, mas qual é a importância de um nome? Ele não vai me definir ou definir minhas ações.
Ações... Há tantas coisas que gostaria de ter feito diferente, mas há outras tantas que sei que faria igual e, mesmo assim, se eu não tivesse feito nada do que fiz nos últimos anos, certamente não estaria quem sou hoje.
Provavelmente, seria mais uma dessas pessoas vazias que não pensam em nada além de si mesmas e outras futilidades, mas também não precisaria estar aqui agora. Talvez eu fosse feliz, mesmo sendo uma felicidade falsa e superficial.
- Alice?
Caralho! Quem é a jumenta que está interrompendo minha linha de raciocínio?!
- Sim?
- Pode entrar. A Dra. Narcisa já está disponível e aguarda por você – a secretária sorri largamente.
- Ah sim, obrigada – retribuo o sorriso.
Prestes a entrar na sala de uma das pessoas mais odiosas que conheço: minha psiquiatra. Ela é um exemplo perfeito da futilidade humana, pois é uma criatura que odeia a profissão e desestimula os pacientes. Bem sei que ela quis tornar-se psiquiatra apenas para que pudesse ter o título de “Doutora” e sempre recebendo as pessoas com seu sorrisinho falso e nojento. Eis aqui um exemplo em que o nome determina a pessoa: “Narcisa”. É isso que ela é, uma porra de uma narcisista nojenta que pensa ser superior a todo o restante do planeta só porque possui PhD em Psiquiatria.
E lá vem ela de braços abertos e com seu maldito sorriso me receber. Como eu queria a ver sorrir com todos os dentes quebrados. Só venho até esse inferno – duas vezes por semana – porque meus pais me obrigam e não apenas meus pais, assim como toda minha família. Eles pensam que eu tenho graves problemas mentais.
- Olá Ali, como foram seus últimos dias?
- Pra começo de conversa, não quero lhe falar sobre como foram os meus dias e não me chame de “Ali”; não lhe dei intimidade para tanto.
- Lamento se a ofendi, mas você sabe que meu dever é ajudar quem precisa...
- Por isso mesmo. Você “ajuda” necessitados e como eu não sou uma “necessitada”, então, por favor, Doutora, me poupe de seus discursos sem fundamento.
- Mas...
- Por favor, sente-se e finja fazer algo de construtivo enquanto eu como seus biscoitos amanteigados.
- Eu tenho outra opção?
- Óbvio! Nós sempre temos outras opções. Que pergunta mais imbecil. Tsc, e isso que você é PhD enquanto eu sou apenas uma pirralha de dezesseis anos que está no terceiro ano do ensino médio. Esses biscoitos são realmente muito bons! – Narcisa me observa espantada. Normal, essa é sempre a reação dela – E isso que eu não acrescentei que estudo em escola pública.
- É justamente isso que não consigo compreender. Você é tão madura... Como foi ficar assim, menina?
- Assim como? Eu enxergo além, muito além. Todavia, isso é problema meu e meus motivos para ficar desse jeito são todos frutos dessa sociedade distorcida.  Admito, essa foi uma boa tentativa de penetrar na minha mente, mas, infelizmente, acho que não irá funcionar comigo. Portanto, desista.
- Está bem, mas quando você quiser se abrir comigo, estarei à sua disposição.
- Pode esperar deitada e já desfrutando de um bom sono. Já é muito o fato de estarmos conversando. Dê-se por satisfeita.
- Alice, você tem personalidade antissocial. Tens consciência do que isso acarreta? Estou aqui tentando ajudá-la! Deixe-me fazer meu trabalho! Você é a pessoa mais fechado que conheço.
- E você é a pessoa mais vazia e fútil que já conheci. Comprando títulos e vendendo diagnósticos precipitados.
Minha voz se inflama e Narcisa parece desconfortável em sua poltrona vermelho sangue, estofada com plumas, talvez?
- O seu “diagbóstico” é bastante visível: sim sou antissocial! Parabéns, Narcisa! Você fez o seu trabalho!
- Escuta Alice...
- Sabe de uma coisa doutora? Eu já vou indo, porque está na minha hora e sinceramente? Os biscoitos estavam fabulosos. Adeusinho!
Saio da sala com um sorriso cínico, o mesmo o qual todos somos condicionados a usar. Sinto-me satisfeita hoje e acho que minha terapeuta descobriu algumas coisas sobre ela mesma.

Boca, mel e a tua mente

O olhar oblíquo
Reluzente! Brilhante!
Retomando o passado longínquo
Daqueles andantes;
Passantes que entornavam o líquido rubro resplandecente
E agora teu contemplar
Declara não passar do meu alucinar
E nisso caio em contradição
Procurando um saída desse labirinto;
O labirinto do teus lábios
(Lábios sábios)
E com o gosto de absinto
(Ainda nos lábios)
Perdi-me
E no frenesi de libertar-me
Encarcerada encontrei-me
E que prisão deliciosa
(Teus lábios)
Me oportunizaram

E não me digas: "más despácio"!


Riso Escarlate

O tédio me corrompe
E numa fuga alucinada
Meu corpo desaba no horizonte
Calcificada; entorpecida; negligenciada.

E deslumbrada com a Aurora adormecida,
Permaneço estagnada
Remando num Mar de Lama
Lutando contra o que me prende na cama

De repente, um estouro
A respiração segue ofegante
E nesse mesmo rompante
Recobro a memória selada entre anéis de ouro

Surpresa é você estar no meio delas
Tão vivo e escarlate
O que me faz pensar se não era disso que eu precisava:
Bocas entrelaçadas
Tão vivas, tão unidas, em meio a risos... risos?
Só risos escarlates




sexta-feira, 28 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ensaio sob o espelho

Escreves tão bem - prendendo a respiração na espreita de um texto recém feito, com o papel ainda quente em função das tuas mãos acima dele. Respiração: normal, mas descompassada.


A poesia é traiçoeira, mas a prosa tornou-se minha amante, então uso essas linhas indelimitadas para a "expressão" - expressão por meio dessa junção de símbolos que formam as palavras.
Palavras que, quando manipuladas pelas minhas mãos, perdem o sentido; usadas para simular emoções... usadas para lhe mostrar, para sintetizar, as mais sortidas emoções inseridas em um único alguém: a minha pessoa. Pessoa que quando enxergo pelo reflexo do breu dos teus olhos parece irreal. Todavia, teu globo ocular a contradiz, mostrando que ela existe, e aposta uma crença inabalável em sua capacidade de atravessar essa película instável que é a imagem dela refletida.
Teus lábios descrevem em movimentos contínuos toda a confiança depositada num futuro modelável, flexível, como feito de borracha. "Admirável", ela diz. "Admirável", eu concordo. Ainda mais quando tuas certezas são coladas em meu ouvido; teus dizeres vem direto a eles e escorrem, como algo caramelizado, fazendo cócegas por onde passam e, finalmente, chegando na ponta dos meus dedos, prosseguem contaminando minhas folhas (e atraindo formigas).
O teu tato, gélido, passando - quase imperceptivelmente - acima do meu rosto vai incutindo nas minhas veias a doce configuração das tuas sínteses.
Tudo isso seria esplêndido se não fosse por um detalhe: o acaso quis que tudo isso apenas se tratasse da projeção de uma imagem no espelho, mas apenas uma única imagem; apenas um reflexo constituído por duas pessoas.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sem título

Ganhei uma nova companheira - já a tenho há tempos, mas agora sua presença faz-se constante - é ela "a vigília". Ou devo chamá-la de "Vigília", já que tornou-se uma sombra minha; uma segunda pessoa?
Ela me causa sensações diversas e contraditórias. Há momentos em que a desejo profundamente, mas nos demais instantes, quando conto com sua presença, ela dá-me a terrível sensação de telespectadora; telespectadora de minha própria vida. E quando a assisto, vejo todos os erros de gravação; os erros na fala; a falta de emoção que passo. Enfim, erros no geral.
Seria bom poder deletar ou então "editar"... isso mesmo, editar me parece ótimo. Afinal, é uma coisa que os diretores adoram fazer e o que somos nós a não ser diretores de nosso próprio filme, novela mexicana ou como quisermos chamar? Quem somos nós além dos gorvernadores de nossas vidas?
O que essa sensação de vigília nos causa? Em particular a quem está lendo isso aqui agora, o que sente? Ou não percebe quando está no "piloto automático"?
Já que estou aqui, vou lhes falar o que acho.
Presa num sorriso congelado, com os olhos vidrados, meneando a cabeça ora sim, ora não. Essa fuga da realidade (alternativa, admito) é independente. Possui vida própria e posso até dizer que se move, pois não consigo controlar - não conscientemente.
Lamento por aqueles que convivem com minha "letargia", pressentindo meu isolamento no "Oz" que é meu íntimo. Perco-me dentro de mim tão facilmente que meu corpo não passa de uma máquina com seus movimentos pré-condicionados. Quando volto a mim, já não sei de mais nada. Insegurança, risos, medo... tudo ao mesmo tempo para confundir e isolar.
O problema agora são esses burburinhos infernais que insistem em dar nós na minha cabeça; me azucrinando.
Espere! São sons externos ou minha cabeça psicótica os está sintetizando?

domingo, 23 de setembro de 2012

Distorção do espelho invertido

Essa realidade tão subjetiva, cheia de vícios... a minha pelo menos é assim.
Não posso dizer se gosto ou desgosto, porque... bem... na verdade ela me é bem insossa.
Os motivos disso? Não me pergunte, sou formada por mais de uma pessoa e quem me governa hoje sente-se assim.
Consequências de um esquizofrenia? Talvez. Nem eu sei. Talvez fosse bom eu me consultar com um profissional do ramo da "psicose". Afinal, meus olhos estão vendo demais e meus ouvidos, ah esses... eles me levam à beira da loucura a ponto de eu já não saber mais quando se trata do real e do imaginário. Nesse momento, por exemplo, ficaria muito satisfeita em ser obra da cabeça de alguém, sendo assim, em poucos segundos seria esquecida e talvez - num momento ruim, quem sabe - esse ser que me criou precisasse de mim de novo e assim suscetivamente numa cadeia sem fim. Como a cadeia alimentar. Sempre se renovando.
Alguém disse que a vida é uma viagem. Agora concordo. Ainda mais quando sei que estou aqui uma única vez e é somente essa oportunidade que tenho para ver e presenciar toda a beleza que aqui há.
Essa nossa mania de supervalorizar o que há de ruim... Tsc, eu mesma sou um protótipo do negativismo e isso é terrível. Deveria me ver e viver melhor. Talvez eu deva trocar de espelho ou quem sabe o colocar no seu devido lugar. Quem sabe?
 P.S.: Sei que o título não faz sentido, mas o texto também não faz, não é?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Copas às Espadas


Lado Negro do País das Maravilhas, 20 de setembro do ano vigente.


Amado Chapeleiro Maluco,
Primeiro gostaria de dizer-lhe que o invejo por uma série de fatores: por seres homem, pela sua inteligência, por escreveres bem, pelo teu foco e objetividade; por “pensares”.
Quando me olho no espelho e penso no nosso “contraste”, vejo que na maioria das vezes a maluca da história sou eu e não você. Afinal, é a minha pessoa quem faz tudo às avessas. Por exemplo, sou eu quem está te enlouquecendo aos poucos, mas sei que no fundo você aprecia essa quebra de rotina.
Posso dizer que me sinto – muitas vezes - um corpo à parte nessa colmeia gigantesca (ou sociedade, como preferir, meu doce). Também queria que a pele fosse como um vestido de gala que eu pudesse tirar e trocar a qualquer momento, pois talvez assim eu não enjoasse de mim mesma, nem tivesse essa necessidade de mudar de aparência (o que nem sempre o agrada, eu sei) constantemente. Na verdade, nem sei por que enjoo de mim mesma, mas acho que talvez seja o fato de achar que não me encaixo no que projeto pra mim mesma. Sabe, coisas de minha cabeça; repentinas e velozes. Gosto de conceber os pensamentos na imagem de beija-flores, que são velozes e gostam de sorver apenas o que há de doce, embora nem sempre os pensamentos tenham esse sabor; essa configuração.
Estou procurando refletir sobre o que eu sou, mas esse campo é muito flexível. Todavia, sei que não é inseguro, mas apenas “modelável”; e “modelável” por um tempo determinado, pois a cada momento que transcorre sinto que esse “chão” de goma de mascar torna-se um pouco mais sólido. O que você acha? Dê-me sua opinião.
Ah, quase que me esqueço de lhe comunicar: estou seguindo seus conselhos. Estou me contendo, pois você tinha e tem razão quando fala que não tenho autocontrole e “vomito” as palavras nas folhas. Sei que minha “pena” de escrever não se resguarda, mas o que posso fazer se ela deseja voar?
Mande notícias para essa pequena “Pseudo Alice”.
Um forte abraço e um beijo intenso.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Decantação de Huxley

O ser humano é estranho... e cego. Enxerga apenas as opções que são mais confortáveis e tendem (sempre) a escolher por elas. A rotina, a monotonia são sempre mais fáceis de se lidar, pois o "novo" é sempre encarado como desconcertante; incômodo.
Não que isso explique o que realmente me pesa. Não, não é isso. Eu mesma não tenho certeza se quero sair da minha zona de conforto; não tenho certeza se quero ser diferente das demais peças "pré-fabricadas" que constituem nossa sociedade e são modeladas pelas opiniões e gostos daqueles que nos fazem, acompanham e corrigem. Sabem a desculpa que usam para nos controlarem? A forte alegação de serem nossos criadores.

Admirável Dilema Novo

Agora (ainda mais) vejo que não passamos de pecinhas de lego não mão de outras pessoas. Possuímos livre arbítrio? Não. Não por inteiro, ao menos. Concordemos que é sempre mais fácil deixar que alguém nos controle, que tome as decisões por nós mesmos.
Eu mesma deixo que "tomem as rédeas" por mim, mas o problema é que isso não tem dado muito certo ultimamente.
Talvez eu pertença demais à mim mesma; talvez eu não tenha saído conforme o esperado; talvez, por conta disso tudo, eu não consiga administrar a INDECISÃO; a tua indecisão; a nossa indecisão.
Para mim, é mais objetivo. Posso citar Cássia Eller inclusive:

E eu te chamo
E eu te peço: vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também

Parece-me tão claro, simples e objetivo! Sei que para ti nem tanto... Ó, como eu faço questão de possuir uma lanterna para te mostrar o que há no fim da linha do teu dilema.
Só que... ao chegarmos lá, o que nos aguardaria? Fracasso? Medo? Solidão? Raiva? Ou quem sabe uma fonte inesgotável dos mais diversos prazeres?
Bem, eu não sei e, infelizmente, não cabe a mim descobrir.
Para saber é necessário desbravar; para desbravar é preciso coragem; para possuir coragem é decisivo que tenhas vontade própria. E então? Tu tens vontade própria? Está pronto para, quem sabe, lidar com o fracasso e a decepção? Ou então deliciar-se com o sucesso e todo o bônus que vem junto dele?
Não posso decidir por alguém; não vou controlar ninguém como eu sou controlada.
Afinal, até hoje eu tento me livrar das linhas que prendem-se a mim como linhas de uma BONECA DE VENTRÍLOQUO.
Só me resta saber sobre os teus barbantes: será, tu, capaz de queimá-los; cortá-los?

 
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ao "Homem Moderno"

Por que quando tudo vai bem, quando finalmente a "pseudo harmonia" é encontrada, algo de abrupto acontece e, como um furacão, tudo fica arrasado? Por que essa estabilidade emocional é tão pouco duradoura? Por que há essa destinação para a amargura, para a raiva, para a melancolia? Por que viver remoendo e revivendo aquilo que foi bom, se nessa hora é como se uma estaca atravessasse o peito? Por que viver com essa agonia que é sentir as vias respiratórias sendo "apertadas", causando a sensação de sufoco? Para que fim serve ver quem ou o que não é querido?
Levando para o lado pessoal... Quem sou eu? O que estou fazendo agora, nesse instante? Agora, eu não sei, mas se há algo que posso afirmar é o fato de sentir uma angústia (fisicamente, um "bolo" na garganta).
 A origem dela? Pergunte ao "Homem Moderno" que "ceifa corações". 
Meu "coração" não foi ceifado, mas por pouco e só porque meu apego é demorado.
Não sou um verme suplicante por "ar". Não, não sou isso, ó "Homem Moderno". Eu mesma serei responsável pelo meu "ar"; pelos meus arrependimentos e não precisarei culpar ninguém por isso. Afinal, é um direito inalienável de cada um estragar a própria vida.
E caso se pergunte, "Homem Moderno", não, eu não derramei "lágrimas" ao escrever, pois quando são derramadas lágrimas (por mim), elas simbolizam um único sentimento por vez. No entanto, dessa vez, meu corpo "transbordou" os mais diversos sentimentos reprimidos aqui no meu peito. E não, "Homem Moderno", nem todos eles foram causados por ti. Só meu causaste três; os mais violentos, é claro.

Tenha um bom dia, "Homem Moderno", pois eu agora procurarei pelo meu.



sábado, 18 de agosto de 2012

"Marry me?"


Por que diabos não discutimos isso? Melhor dizendo por que ignoramos ou então sentimos nojo, desprezamos, avacalhamos essa mudança que é o casamento gay? Somos imaturos para isso? É uma herança das opiniões familiares?
São tantas possibilidades, mas nenhuma me parece razoável o suficiente. Segue o texto escrito por mim, obviamente. Quero expor; sim, hoje eu quero expor o que penso e até mesmo sinto sobre isso. Não quero ser uma completa alienada, incapaz de pensar por mim mesma e acatar todas as opiniões de minha família, por exemplo, aonde possui elementos que julgam fervorosamente o matrimônio gay.
Isso tudo é ridículo. Não devemos amar "o homem" ou "a mulher", mas devemos amar o conjunto e tudo o que ele representa. Sua personalidade, perspicácia, inteligência e até mesmo seu bom gosto (perante diferentes pontos de vista, é claro). 
Espero que gostem e se não gostarem, não percam seu tempo comentado, lendo ou sei lá eu o que pretendem fazer.
Fora isso, Ohayô gozaimasu, minna-san. >.<



As transformações sociais estão conosco diariamente e, se pararmos para pensar, o que houve de tão grandioso nos últimos tempos? Avanços tecnológicos? Com certeza, mas uma das maiores reviravoltas na sociedade é a aceitação do matrimônio homossexual que durante anos foi repelido intensamente por grande parte da população, possuindo uma inimiga de alto conceito, ou seja, a Igreja.
O casamento homossexual foi depreciado durante séculos, mas enfim foi aceito (em parte) pela sociedade. Apesar de presenciarmos tais uniões em Igrejas e em cartórios, há uma grande massa “conservadora” que tende a julgá-los. E isto está retardando o avanço intelectual, acabando por refletir em nosso cotidiano na forma de discussões irracionais sobre sexualidade, aonde o “conservador” demonstra toda sua ojeriza perante a sociedade “gay” a qual, no fim de tudo, sente-se reprimida em função de tanto argumentos contra si.
É um ato estúpido recriminar os homossexuais tendo em vista a “expansão” deles. Cabe-nos a função de possuirmos a mente aberta e aceitá-los; a função de educar nossos filhos futuramente de modo que eles não se tornem adultos limitados e com horror a eles. Nosso dever é construir uma nação respeitosa e mesmo que essas palavras soem utópicas, não nos cabe muito mais a fazer já que a questão “homossexualismo” faz parte da nossa realidade e de nossas rotinas.
Absolutamente essa é uma das maiores transformações sociais não apenas pelo fato de permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas também por fazer-nos parar, pensar e rever nossos conceitos sobre preconceito e intolerância. De certa forma estamos sendo obrigados pela natureza homossexual a evoluirmos intelectualmente; a aceitarmos, a nos adaptarmos e aprovarmos esse novo modelo de sociedade que finalmente emerge.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Custa pensar?

Estava pensando sobre o conceito de moralidade e ética vigente hoje, mas não cheguei a nenhuma conclusão.
Minha visão de mundo é deturpada a cada dia pela mídia que nem sei bem o que dizer sobre isso e me sinto mal. Me sinto pior ainda por ter escrito um texto sobre isso aonde coloco ideias antigas, de uma falsa eu que muitas vez não concorda com aquilo, mas que perante a necessidade de um posicionamento recorre à qualquer subterfúgio.
É isso o que somos? Falsários que para escapar de alguma situação mentimos não apenas para nós mesmo, mas também para aqueles à nossa volta? Somos injusto e violentos? O que somos de verdade? O que nos define? Existimos de verdade ou isso não passa do delírio de um alguém que tomou muito LSD?
Praticamente ninguém pensa nisso, pensar faz a cabeça "doer" e ao fazer funcioná-la chegamos próximo à resposta da vida, mas acho que são poucos os que buscam tal resposta. Decepcionante ser humano, pois do que adianta tanta capacidade?
Como disse Mário Quintana ou Érico Veríssimo (não me recordo ao certo): "Analfabetos são aqueles que sabem ler, mas não leem". Deprimente, mas verdadeiro.
Ao mais, boa noite.


terça-feira, 24 de julho de 2012

É tempo de amar



Sentimento furioso a que todos os humanos são suscetíveis: o amor. É ele uma doença que, ao menos uma vez na vida, acerta-nos com toda sua força e, colocando-o nas palavras de Camões, é “fogo que arde sem se ver”  e “é querer estar preso por vontade”. Sábios dizeres que bem hoje, e sempre, definiram essa sensação inevitável entre nós, seres de sangue quente. Mas o foco não são as boas “vibrações” que ele pode agregar a uma pessoa, mas sim as desilusões que carrega no pacote.
“Aquela paixão e ligação haviam-no dominado tão inteiramente que estivera como que escravizado”. Neste fragmento de “O Eterno Marido”, de Dostoiévsk, podemos ver como Vielhtcháninov sentia-se ao recordar de seu caso com Natália e não apenas eles sentiu-se assim. Todavia todos que tomam consciência de seus objetos, pessoas, etc., amados dão-se conta do real significado de tal sentimento: escravidão, submissão, em alguns casos o ciúme e diversas outras consequências que findam por enegrecer a alma humana. O que pode o tornar pior? Dois fatores: primeiro que “amar” é algo que tanto o corpo como a mente necessitam, pois sem ele é como haver um oco dentro de si e, na tentativa de preencher o vazio, somos tomados pelo impulso e deixamos que qualquer leviano(a) nos domine. E o segundo fator que tortura e angustia e nós, reles mortais, é não correspondência da outra parte.
Todos sofremos desse mal ao menos uma vez na vida: o amor não correspondido. Hoje é “modinha” as pessoas trocarem carícias sem o menor sentimento, não que antes não  ocorresse, mas é agora que esse fato foi, por assim dizer, “escancarado”. O que seria isso? É a nossa carência gritando cada vez mais alto (e também a libido) o que nos impele a mantermos relacionamentos em que não há qualquer grau afetivo que seja. Todo esse “carnaval” é para podermos, nem que seja por algumas horas, nos sentirmos “completos”. Senhoras e senhores, esse é o ser humano lutando contra o abismo que a falta do ser amado causa.
Séculos passaram-se e muitos outros ainda virão, mas o “amor” e toda a consequência que ele traz nunca se modificará. A realção homem mulher sofre constantes transformações, mas o que cada um sente e pensa, nem a todo momento está preparado para acompanhar tais mudanças.



Segue uma música que, sei lá, me inspirou para escrever este texto mesmo que não tenha nada a ver com o sentido real. É da banda The Zombies e a música é Time Of The Season.








segunda-feira, 23 de julho de 2012

Meu outro website

Caso alguém leia este blog, o que duvido muito, meu site é www.andressa.net.br
;*

2012: 80 anos do começo de uma luta


A conquista feminina do direito ao voto completou, neste ano, oito décadas. Maior transformação social? Não há. Afinal, o eleitorado conta com 52% dos votos concedidos por nós, mulheres que apesar de algumas objeções, participamos da construção da nação brasileira.
Mesmo na Grécia, o berço da democracia, o voto feminino era proibido sob a falsa acusação de sermos intelectualmente inferiores. No entanto, esta alegação não nos foi satisfatória e em 1910, no Brasil, reivindicamos nosso direito sublime: o de votar. Está em nossas mãos escolher aqueles que tornarão o país um local de 1° mundo. Sim, nós possuímos este poder e é a partir dele que a nossa sociedade se modifica e evolui tornando aqui um terreno acolhedor para ambos os sexos. Porém, mesmo com mudanças e tais conquistas, continuamos a trabalhar mais e a ganhar menos do que o público masculino.
A partir da conscientização deste fato é que nos damos conta de que é necessário realizar algum movimento em combate a essas desigualdades que ainda perduram. E a quem recorrer? Ao governo por meio das eleições, pois cabe a eles reparar esta falha na sociedade e a nós eleger o mais capacitado para realizá-lo. No momento em que houver a igualdade social absoluta entre os sexos, estaremos mais preparados para sairmos da denominação “pátria emergente” e faremos jus às pioneiras na luta pela causa feminina como Bertha Luz, fundadora da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher.
Desvalorizar o voto é o mesmo que fazê-lo com nós mesmos. Esta é umas das poucas formas de reivindicarmos o que é nosso e a batalha segue seu rumo final, fazendo valer a pena cada sacrifício feminino, como o de Olympe de Gouges, e ser-se-á, neste Outubro, que teremos a força para decidirmos nosso futuro pelos próximos quatro anos. A prudência será necessária no momento de pressionar “confirma” na urna, mas mesmo que nossa escolha não valha a pena, ainda temos voz para transformar e construir nossa nação. 

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