domingo, 20 de julho de 2014
Maior que um haicai
Cada esquina, cada livraria,
Deixo um pedaço de mim
E, assim, vou me perdendo,
Me despedaçando e entrando para o buraco negro do esquecimento...
sábado, 12 de abril de 2014
Sobre a suposta relatividade das coisas
ABC (pois um título óbvio é o melhor que eu posso oferecer (no momento))
Podemos, apenas, pedir desculpas ou fazer um gesto gentil em nome da nossa honra em jogo...
Entretanto, as feridas por nós causadas permanecerão nos corações daqueles que foram ofendidos (com ou sem motivo) e podemos (sem qualquer pretensão) romper sonhos e, literalmente, arruinar as pretensões do outro.
b) Sonhos são tão frágeis quanto o mais fino copo de cristal, basta apenas uma batida para que sejam abalados... e o caminho da reconstrução é árduo e exige companheiros fiéis para ajudá-los a se reerguerem.
c) Sem qualquer suposta pretensão pessoas reaparecem e procuram nossa "antiga" amizade ou qualquer coisa assim, mas sem se darem conta de que já é tardio; de que as relações não são mais as mesmas; que a "fagulha" não existe mais e no lugar dela só restou a indiferença, que foi o que lhes coube.
Acreditar em si mesmo é a parte mais difícil.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
O mal visto de cima
Papeleiros a correr
A chuva estraga os jornais e os papalões que eles recolheram para vender.
O pão nosso de cada dia eles não têm
Choram,
Imploram, por um mísero pão velho na esquina enlodaçada
Onde há uma padaria má visitada.
Chove.
Poetas dizem que a água do céu lava a alma
Mas a verdade é que ela estraga "o que há de comer?" de outrem.
Chove.
Cinco crianças famintas.
Papeleiro: - Tenho bocas para alimentar!
domingo, 12 de janeiro de 2014
O trem
Para quem passa no trem
O que se vê são reféns;
Presos ao trabalho, aos estudos …
Ao místico.
Rabiscos feitos com desdém,
Impunhando a tinta infame,
Celebrando a cor
E odiando…
Para quem passa no trem
Já é tarde.
A firma espera o que a conta bancária quer.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
O Mar
Bom dia, amor
Se são teus olhos a me mirar
Ou o mais profundo oceano a anunciar
O mais belo dos dias,
Já não sei...
Boa tarde, neném
Se são teus lábios no poente
Ou os rios e os sóis que se cruzam...
Já nem sei...
Boa noite, baby
Se são estrelas cadentes
Ou teu sorriso...
Também não sei...
De onde surge essa radiante,
Ofuscante,
Nauseante,
Um pouco ausente,
Inverossímil,
Beleza?
Oscilando entre aspereza e astúcia!
Já não sei mais o mar.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Vital Signs
Dos sequestros,estupros, roubos, assassinatos a cada instante;
A cada meio segundo?
E se precisássemos analisar cada sinal vital de um pobre sobrevivente?
Sequelado...
Conturbado...
Perdido...
Nesse abismo escuro e doido que é o mundo!
E a humanidade corre,
Foge!
A cada má circunstância,
A cada aperto,
A cada desespero...
Os fracos permanecem corajosos e revoltosos...
Brigando pela sua terra!
Pela sua honra!
Por sua virtude,
Hoje já tão desvalorizada
E enegrecida...
Tão enegrecida quanto a "soul" dos arrebatadores de terra,
Tão ávidos por possuir mais...
Passam por cima de amores e direitos...
Tão destrutível, assim em palavras...
Tão justificável em atos...
Mulheres abusadas,
Sofridas!
Carrancudas...
Crianças chorando,
O desespero é grande!
Casas em pedaços...
E o mal da guerra?
Famílias destroçadas,
Soldados destroçados...
Vítimas?
O sistema é quem dita.
E mais "sistematizados" que nós?
Alguém existe?
domingo, 29 de setembro de 2013
Uma tolice a contar
Quando estás na janela e põe-se a pensar;
Quando lê, na biblioteca, uma página qualquer de um livro abstrato;
Quando atravessa a rua e pega um café;
Quando branda que quer viver sozinho;
Quando almeja ser maior;
Quando perguntas o preço do cinema;
Quando faz a cara de gato assustado;
Quando se inflama de ardor...
Sou eu, eu, quem estás a correr,
A procurar,
A amaldiçoar,
Como a uma bruxa má fantasiada de anjo caridoso...
Sei...
Contudo, que o que estás apenas a desejar
É essa mania tola de me beijar.
[Abraços a reconfortar]
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Fadiga
domingo, 22 de setembro de 2013
Vou-me atirar ao paraíso dos amores doces e ociosos... Cantigas pt. 1
E fiquei a esperar
Uma ligação,
Uma notícia,
Tua.
Qualquer besteira;
Qualquer bandalheira;
Que viesses correndo,
Feito louco,
E me roubasse,
Me sequestrasse,
Mas me levasse
[com vancê]
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Love&Caring
Andando pelas ruas, paro e ouço, disfarçadamente, o relato de uma jovenzinha, de olhar distante, sobre sua mais nova paixão:
"Tenho sentido tanta saudade que me pergunto se esse amor não está me deixando doente ou meio afetada mentalmente.
Fico rindo toda boba, nas ruas, em frente às praças, pros cegos a quem ajudo atravessar as alamedas...
Me sinto mais leve e feliz e me pergunto se isso é real de tão surreal que é essa sensação.
Teu amor me consome de um jeito gostoso, leve e ocioso e me sinto levada por braços imperceptíveis até o teu caminho.
Como alguém já disse: 'que teu afeto me afetou isso já é fato'."
Ela ensaia uma declaração, as amigas aplaudem e me pergunto se esse sentimento tão comum, que é a paixão, torna-se incomum ao tratarmos daquela guria que parecia tão feliz e anuviada, com espasmos de alegria e olhares acentuados...?
Quisera eu saber o resto da história, mas não trato de um oráculo e a vida corre e não podemos deixa-la escorrer entre as mãos aguardando pela dos outros.
Cazuza já disse: o tempo não para. Tratemos, por favor, de prosseguir.
Então, eu prossigo minha caminhada e as garotas, às minhas costas, a rir, na maior gandaia.
Foolish
Ela é feliz.
Sim, ela é.
Veste a máscara da tristeza,
Rola na relva.
Grita.
Faz-se.
Joga-se com manha nos braços de outrem
E suspende o ar como quem jaz morto, ferido de bala.
Eu a olho.
A espanto.
A odeio.
E sinto pena.
Pena?
Pois sim.
Ela trata a vida como a uma novela,
Carecida de telespectadores
Seu teatro é insosso se a casa está vazia e despe-se da maquiagem grotesca de moça medieval sofredora.
Trata da morte como a um tema joliz,
Mas estremece perante ela, tão obscura e irreversível...
Liga embebida,
Putrefa em embriaguez lânguida,
Usa a voz embargada
E pede pouco
Pra ganhar muito...
Finge-se de tola
Para que sobressaia.
Quebra afetos,
Rompe relações
E sorri como jovem inocente,
Toda alegre
Jovial
E intocável.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O mundo é grande
"O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar."
Drummond, Carlos.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Meu nome não é Arabella
São nestes momentos - repletos de tormenta - que a veia artística aflora.
São nesses momentos de inconstância e loucura que a poesia se engrandece.
Talvez seja porque a felicidade plena seja puro lirismo e a turbulência um emaranhado de palavras enigmáticas.
Somos permeados pela dúvida e eu - oras! e quem mais o deixaria em tal estado de letargia? - te deixo em dúvida!
Sou uma amante cruel, me refugiando em palavras rebuscadas que te deixam transtornado, desfeito em emaranhados, com a tez enrugada, expressando dúvida e um pouco de decepção... ou, ainda, muita decepção!
Mas, amor, não me julgue! Sou uma jovem amante!
Descomposta, repleta de dúvidas - e dívidas - e, também, muito amor.
Queria lhe prometer felicidade, mas, antes, tens de lidar com a minha ambiguidade.
Então, me perdoe, amor, se não sou Arabella e se meu lirismo é superficial, descompassado e confuso. Apenas saiba, amor, que esses versos brancos não são tão brancos quanto tuas costas revelam ser.